Como continuar amando nossa arte e produção quando ela se torna um trabalho, o qual envolve todas as dificuldades que a nova natureza da função exige, como prazo, diminuição da liberdade criativa, limitação de materiais etc?
Trabalhar com arte pode ser interpretado como o equilíbrio de três visões: Carreira, Prazer e Estudo.
Quando se pensa em arte como carreira é preciso ter a consciência profissional do ofício e, para tal, além de maturidade, é importante manter certa disciplina: controle de seus horários, demonstrar uma postura cordial e respeitosa, mas também firme e objetiva, deixando claro o que você pode ou não fazer, dentro dos limites que seu corpo e envolvimento podem disponibilizar. Seguir esses direcionamentos contribuem para não se exceder no trabalho, acumulando menos ou mais funções que podem levar a frustração ou esgotamento, e ajudam na construção de uma carreira sólida.
Quando a arte é associada a seu prazer – e, sim, é importante dedicar um tempo a isso também – você se coloca num processo de busca do equilíbrio consigo mesmo, dando a chance a si de relembrar porque a arte te seduziu desde o primeiro momento, porque você decidiu adotá-la como uma linguagem que liga suas “verdades interiores” com o mundo. Assim você não precisa se cobrar ou se por em amarras, entrando em um senso de liberdade e leveza comum às crianças: você produz sem vergonhas, sem questionamentos, só pelo prazer de estar fazendo aquilo. É uma experiência muito recompensadora e que deve ser repetida com uma frequência justa ao seu tempo e atividades.
Por fim, a arte como estudo talvez seja a base de todas essas outras personas descritas. Estudar o que você faz é uma forma de aprimorar tudo o que você já sabe e sempre se oferecer uma chance de crescer, como artista e profissional. O estudo é uma medida ao desafio, pois ele amplia nossa visão de mundo, nos revela saídas, percepções e estruturas novas e/ou inesperadas. Faz com que nunca estejamos “concluídos” – pelo contrário, utilizar a “cadeira do estudante” é um exercício de humildade e um seguro estimulante para se querer produzir sempre.
Então, caro artista, cuide de sua carreira, mas não esqueça de ter prazer pelo que você faz e aprender sempre.