A Fundação Demócrito Rocha está oportunizando gratuitamente algo inédito no Brasil: um curso a distância de Histórias em Quadrinhos (HQ) produzidos por 23 autores cearenses. Durante 12 terças-feiras, os fascículos virão encartados no O POVO. Nesse mesmo dia, vai ao ar, às 13 horas, uma vídeoaula equivalente ao assunto do fascículo da semana na TV O POVO. No dia seguinte, às quartas, este material é disponibilizado no site http://fdr.org.br/uane/hqceara.
Basta se inscrever.
Como coordenador de conteúdo, parti dos seguintes princípios: 1) quadrinhos são para todos; 2) o potencial desta linguagem é enorme; 3) tudo na produção de uma HQ deve estar a serviço da história; e 4) não é preciso saber desenhar para fazer quadrinhos, o contrário do que muitos pensam.
Com isso em mente, quadrinistas e professores, dentre os melhores de nosso Estado, escreveram sobre roteiro, personagens, composição de página, imagens e estilos de desenho, tiras, quadrinhos alternativos, letreiramento, arte-final, cores, edição e mercado. Tudo isso em uma linguagem acessível, ricamente ilustrado e com uma didática clara. A pluralidade de pontos de vista fortalece a ideia de que não há regras rígidas para fazer HQ.
Entendemos que as histórias em quadrinhos são formadas pela interseção de dois conjuntos: literatura e imagem. Este amálgama gera algo novo, único. As HQs são, portanto, uma arte sequencial com linguagem e sintaxe própria. Elas podem ser encontradas e utilizadas em muitos lugares além das bancas, livrarias e internet. Estão presentes no nosso dia a dia em manuais de instrução, igrejas, infográficos, na publicidade, nas artes plásticas, em estampas de camisas… e até em sala de aula! A arte sequencial é, sem dúvida, uma poderosa ferramenta comunicativa e educacional, que pode atingir todos os públicos de todas as idades, sem limites de gêneros ou temas.
Os quadrinhos atingem o leitor por meio do entrelaçamento entre o texto e a imagem. Uma união indivisível. Não existem quadrinhos sem texto. Existem quadrinhos mudos, sem balões, onomatopeias ou recordatórios, mas não sem texto. O texto é a história, o roteiro. As imagens devem contar a história. Elas não têm obrigação de serem bonitas. É a história que deve guiar todas as decisões narrativas e estéticas do autor. Um quadrinista é, antes de tudo, um contador de histórias.
Então, se você tem ideias, mas acredita que não sabe desenhar, não tem problema. Quadrinhos podem ser desenhados (e a maioria os são), mas também podem ser produzidos com fotografia, colagem etc. Pode ser feito sozinho ou em grupo. Pode ser barato e simples. Portanto, venha fazer nosso curso e sair por aí produzindo HQs, do seu jeito.
Daniel Brandão
daniel.s.brandao@gmail.com
Jornalista (UFC), quadrinista, ilustrador, arte-educador e empresário